quarta-feira, 30 de abril de 2014

Acupuntura

Sempre ouvi falar da acupuntura de uma forma bastante positiva. Aliás, cada vez mais ouvimos relatos e estudos sobre a medicina tradicional chinesa e os óptimos resultados que podem surgir através dela. Já me tinha falado da acupuntura por causa da espondilite. Contudo, tenho pavor a agulhas desde pequena. O pavor é tanto que até convulsões tinha. Desde que soube que teria de fazer tratamento de fertilidade e recorrer a injetáveis tive que me começar a mentalizar que tinha de conseguir e superar este pavor. Entretanto li testemunhos e alguns estudos sobre os bons resultados em tratamentos de fertilidade. Como diz o ditado "perdida por cem perdida por mil". Já que tenho que me picar 14 vezes em 7 dias mais umas agulhas não farão mal. "É o tudo ou nada", como diz o meu marido. Tentamos tudo o que for possível para conseguirmos atingir os nossos objetivos. Liguei hoje para a clínica a marcar a primeira sessão. Estava indecisa na escolha mas acabei por marcar numa clínica aqui perto cujo terapeuta é super reconhecido não só na zona mas também no país pois tem pacientes dos clubes de futebol e outras modalidades. Não é um médico mesmo chinês mas estudou e faz acupuntura há muitos anos existindo excelentes recomendações. Perguntou-me logo qual era o meu problema. Disse-lhe que tinha três: a infertilidade, a espondilite e a ansiedade. Se conseguir com a acupuntura resolver alguns deles ou pelo menos amenizar já vai ser um óptimo progresso. Aliás, ultrapassar este medo das agulhas já vai ser algo bastante positivo.
Deixo aqui um pequeno site onde constam doenças, sintomas e condições tratáveis com a acupuntura. 

terça-feira, 29 de abril de 2014

Entrevista da Paula Neves

Quase todos os dias leio as notícias do JN. Se não as conseguir ler por inteiro leio, pelo menos, os títulos. Hoje no JN vinha uma pequena entrevista a actriz Paula Neves. Estamos habituadas a vê-la nas novelas, contudo, nesta pequena entrevista ela não fala como actriz mas como mulher que como tantas outras não consegue engravidar e diariamente luta e vive com este problema que é a infertilidade. Acho que é a primeira vez que conheço um caso de infertilidade no meio televisivo. Diariamente, contato com histórias de mulheres que lutam, como eu, contra o problema da infertilidade. Contudo, não nos conhecemos e não nos conhecem e mesmo que fossemos a televisão poucos dias depois estaríamos no esquecimento. No entanto, com figuras conhecidas pelo público o nosso problema pode ganhar visibilidade junto da população em geral e até mesmo junto dos círculos políticos. Não sou eu ou a pessoa X ou Y que dizem mas sim pessoas que todos os dias são vistas e admiradas por milhares de pessoas e cuja exposição mediática pode trazer a questão de infertilidade para a discussão pública. Não conheço mais nenhum caso, de momento, de figuras públicas que se debatem com a infertilidade mas gostava de conhecer. Acho que todas as mulheres que diariamente sofrem com o problema da infertilidade podiam ser ajudadas por todas aquelas mulheres que têm o mesmo problema e são reconhecidas pelo publico. Percebo que não seja fácil a exposição. Se para nós não é fácil falar sobre este problema para quem é conhecido ainda deve ser mais. Mas é preciso sensibilizar todas as pessoas acerca deste problema para assim chamar atenção dos políticos. Querem que a natalidade suba e para isso oferecem-se subsídios, regalias na habitação, entre outros benefícios, no entanto, não fazem nada para que pessoas como nós possam ser ajudadas com as despesas dos tratamentos. Pessoas que não se importavam de ter dois ou três filhos mas cujos gastos são enormes que acabam por apenas ter um filho ou desistirem pois não conseguem comportar os gastos. Sim, porque no sistema público de saúde não pagamos as intervenções mas temos de pagar os medicamentos que ficam bastantes caros. Este aspeto também é referido pela atriz Paula Neves na entrevista que refiro. Aconselho que leiam e se conhecem mais alguma figura pública com este problema partilhem.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Sentimentos controversos

Pensei que passada quase uma semana do cancelamento do tratamento que estaria melhor psicologicamente. Os domingos são passados em contato com os meus sobrinhos (2 meninos e duas meninas). Eles são a minha alegria. Adoro agarra-los e dar-lhes beijinhos nas bochechinhas principalmente quando me chamam "ti ti". Mas ontem voltei a sentir-me em baixo. Chegou a uma certa altura que as lágrimas me vieram aos olhos mas fiz um esforço para que ninguém reparasse. Estou sensível e ver estes pequenos a brincar, a chamar mamã a mãe, papa ao pai, a fazerem asneiras só me faz pensar que nunca mais chega a nossa vez. Ou que nunca vai surgir esse dia. Fico feliz pela minhas cunhadas/irmãs mas ao mesmo tempo sinto um vazio. Ontem recebemos a notícia que mais uma criança chegou a família. Fiquei tão feliz pelos pais. Mas mais uma vez fui abaixo. Não é fácil lidar com esta situação toda. Se calhar existem pessoas que pensam que aqui existe um pontinha de ciúme/inveja. Não vou dizer que não mas também não aceito que pensem que seja algo negativo pois não é. Acho que todos nós sentimos ciúme/inveja quando vemos algo que gostávamos de ter e não podemos. Não é por alguém ter algo, e eu não, que lhe vou desejar mal mas, infelizmente, há muita gente neste mundo que é assim. Que quando não têm aquilo que querem desejam mal aos outros e a sua vida é guiada pela maldade. Conheço pessoas que me dizem que tenho tudo: uma boa casa; uma marido espetacular, um carro, um bom trabalho, etc... Mas não tenho aquilo que mais quero: um filho. Não sei se esse dia vai demorar a chegar ou se vai chegar. Às vezes apetece-me gritar isso às pessoas que fazem esses comentários mas não consigo. Fico enervada e triste. É um vazio que se sente. Principalmente quando nos dizem que temos tudo e só nos falta mesmo ter um filho. Que temos de pensar nisso e fazer um. Sei que as pessoas não dizem isso por maldade mas não sabem a luta que está a ser e ao dizê-lo estão a magoar. "tens uns sobrinhos tão bonitos. tens que lhes dar uns primos" são alguns dos comentários. Às vezes sou agressiva a responder e digo que "se não tenho filhos é porque não quero ou ainda tenho muito tempo ou um dia destes". Mas às vezes apetece gritar que se não os tenho é porque não os posso ter... São muitos os sentimentos que se sentem e muitos deles controversos.

sábado, 26 de abril de 2014

Um dia mais calmo

Este feriado do 25 de abril soube mesmo bem... Deu para estar mais um pouco na cama, almoçar com companhia, tomar um cafezito e fazer umas compras. O que incomodou mesmo foram as dores que tinha na zona das costas e nas sacro-ilíacas. Dores que ainda hoje de manha me acompanham. Estas mudanças de tempo também não ajudam nada. Se estivesse muito tempo de pé não ia aguentar. Faço o meu trabalho sentada, contudo, estar sempre na mesma posição também não ajuda pois o corpo fica mais rígido e, depois, os movimentos custam mais... Nunca se está bem...

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Espondilite: uma realidade

A espondilite tornou-se uma realidade na minha vida desde 2011. É uma doença reumática inflamatória crónica que afeta a coluna vertebral, as sacro-iliacas e as articulações periféricas. No meu caso começou por atingir a anca, depois os joelhos e os ombros e ultimamente afeta a coluna. Quando as dores são fortes não consigo fazer rigorosamente nada principalmente porque as dores são acompanhadas por rigidez na zona afetada. A ultima grande crise que tive fez com que não me conseguisse levantar da cama e fosse necessário pegar em mim ao colo. Era como se não tivesse coluna. Neste momento faço apenas anti-inflamatórios e quando tenho crises faço esquemas de corti-imunossupressores. Felizmente neste últimos meses tenho andado relativamente bem. Tive alguns episódios de dores mas tentei controlar apenas com os anti-inflamatórios e analgésicos pois  sei que mais medicação acaba por ser prejudicial na minha fertilidade. O médico já me aconselhou a fazer uma pausa nas tentativas de engravidar e fazer uma medicação mais agressiva para estabilizar a doença e depois voltar a tentar. Na altura decidimos não fazer esta pausa e agora mais ainda pois sabemos que os meus ovários estão fracos e uma medicação desse género poderá inviabilizar uma gravidez no futuro. Vou aguentando. Hoje acordei com dores na coluna que ficam mais intensas quando inspiro mais profundamente.  O site da Associação Nacional de Espondilite Anquilosante (ANEA) ajudou-me a conhecer melhor a doença, as causas e sintomas. Não sou sócia mas estou a pensar em tornar-me um dias destes pois sempre podemos beneficiar de alguns descontos assim como ajudar na investigação.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Ansiedade(s)

Sempre fui uma pessoa extremamente ansiosa. Quando está para acontecer algo, seja menos bom ou mesmo bom, fico a pensar naquilo e a ansiar pelo momento. Desde pequena que sou assim e acho que serei assim para sempre. A única diferença é que acho que com o tempo essa ansiedade não desaparece mas vai sendo mais fácil geri-la e ultrapassa-la. Contudo, as desilusões e obstáculos que apanhamos vão também se transformando em "motores" da ansiedade. Desde ontem que penso que da próxima vez que receber uma má notícia não vai ser tão mau nem vou ficar tão mal como desta vez. Provavelmente ficarei mais ansiosa nos momentos que vão anteceder a todo o processo... Pelo menos penso assim... Não sei como vai ser nessa altura. Resta esperar. Estas esperas dão cabo dos ansiosos. Tanto tempo a espera para iniciar o tratamento e de um dia para outro é cancelado. Agora temos uma nova longa espera até iniciar outro tratamento (cerca de 20 dias) e depois vamos ver como corre. Hoje já consigo pensar que o cancelamento foi a melhor opção mesmo que tivesse dois óvulos. Um é pouco mais dois também é. Se avançássemos com um tratamento só com um ou dois óvulos depois só poderíamos fazer outro tratamento daqui a alguns meses. Assim podemos fazer já no fim deste ciclo. Não tenho mais lágrimas para chorar mas sinto-me sensível.

terça-feira, 22 de abril de 2014

A 1ª desilusão

Tal como já tinha postado, ontem fui a primeira ecografia. Estava cheia de confiança. Sabia que podia ter poucos folículos pois tenho baixa reserva ovarica. Mas nunca pensei que ia chegar lá e me iriam dizer que só tinha um ovulo e de má qualidade. Mal acabei de fazer a ecografia percebi que as noticiais podiam não ser boas porque a medica não disse nada e mandou-nos esperar na sala de espera pois tinha que falar com o sr professor. Fomos recebidos por ele que nos disse que não tinha boas noticias. Que os meus ovários responderam muito mal e que com um ovulo não poderíamos fazer nada. Seria gastar dinheiro e tempo para além de continuarmos a criar ilusões. O melhor era cancelar já e esperarmos pelo próximo ciclo para iniciar um novo tratamento. Naquele momento comecei a chorar. Apesar de estarmos sempre a espera que as coisas não corram bem queremos sempre acreditar. Agora penso que mais vale agora do que daqui alguns dias ou depois da punção ou mesmo da transferência. Mas receber logo uma noticia destas no inicio leva-nos a pensar que isto é mesmo um cenário difícil. Não consegui fazer perguntas. Apenas ouvi o professor a dizer que faríamos tudo para que os meus ovários funcionassem e que em último caso podemos pensar em doação de óvulos. Já sabemos que a doação de óvulos mesmo através de clínicas privadas demora muito porque é preciso uma pessoa com várias compatibilidades. Desde que saí da clínica até ir para a cama não consegui parar de chorar. Se calhar estou a exagerar. Penso que se fosse um beta negativo iria ser muito pior. Mas levar um balde agua fria logo no inicio também não ajuda nada pois só nos faz pensar que não vamos conseguir e que isto é muito pior do que esperávamos. Hoje não consigo dizer mais nada.

sábado, 19 de abril de 2014

Gonal F

Ontem fiz a primeira injeção de Gonal F. Estava em pânico pois tenho aversão a tudo que tenha agulhas. O meu marido é que ficou encarregue de dar a "pica" na barriga. Pensei que fosse ser pior do que foi. A agulha é extremamente fina e também é pequena. Senti uma ligeira impressão a entrar. Durou apenas alguns segundos. A seringa é bastante moderna e prática. Já vem carregada com o liquido, no meu caso traz 900 ml e de cada vez injeto 300. Tem um mostrador onde colocamos a dosagem e depois basta inserir e carregar para o liquido entrar. Quando a dose estiver toda inserida o mostrador fica a zero. Segundo aquilo que vem na bula e nos foi explicado pelo especialista em fertilidade, o Gonal serve para estimular a produção de folículos e é usado principalmente quando existe anovulação (falta de ovulação) ou baixa reserva ovárica que é o meu caso, nomeadamente quando recorremos a reprodução medicamente assistida. Como está comprovado que tenho poucos óvulos para o resto da minha vida, o medico resolveu que iríamos começar logo com 300ml por dia pois não sabemos que tipo de resposta vai ter o organismo. Segunda feira fazemos a primeira ecografia para verificar o número de folículos e tamanho. Esta ecografia vai ser importante pois vai nos "dizer" de certa forma o que poderemos esperar. Estamos ansiosos pois se tivermos poucos folículos pode ser que nem cheguemos acabar o tratamento. Mas temos de estar otimistas. Depois de tanto tempo (2 anos) temos de acreditar que é possível e que vamos conseguir pois já merecemos um pouco mais de sorte. Continuo com os anti inflamatorios para a espondilite todos os dias pois não convém nada ter uma crise agora!!!


sexta-feira, 18 de abril de 2014

O Começo!!!

Olá a todos/as que possam visitar este espaço. A decisão para fazer este pequeno blog já vinha amadurecer na minha cabeça há algum tempo. Desde que descobri a minha doença (a espondilite) e desde que comecei a tentar engravidar que muitas leituras e pesquisas tenho feito sobre estas duas dimensões: a infertilidade e a espondilite. No meu caso as duas estão de mãos dadas e ainda temos um longo percurso a realizar.

Resumindo: Foi-me diagnosticada espondilite anquilosante em 2011 ao fim de muitos exames e alguns internamentos no hospital. Desde aí que faço anti-inflamatorios diariamente, contudo, segundo o reumatologista, deveria começar a fazer imunosupressores. Mas fazer esta medicação implica não poder engravidar. Como tal, em 2012 resolvemos começar os nossos treinos para podermos ter o nosso filho. Ao fim de um mês deixei de menstruar e pensei que estaria grávida. Mas não! Testes e mais testes negativos e ao mesmo tempo tinha sintomas muito estranhos: transpirava bastante, tinha imensos calores, sono, dores de cabeça e a menstruação não aparecia. Resolvi procurar ajuda de um ginecologista, por aconselhamento da minha médica de família. A primeira consulta não foi animadora. Fiz análises e exames que acabaram por demonstrar que os meus ovários não estavam a funcionar assemelhando-se aos de uma pessoa com 40 e tal anos. Fiquei bastante aterrorizada e como medo. Comecei a fazer uma medicação e ao fim de um mês o cenário era bem melhor que inicialmente. Contudo, aqui voltaram as crises relacionadas com a doença. Deixei de conseguir andar, de me levantar e mexer e inevitavelmente tive de fazer uma dose excessiva de vários medicamentos receitados pelo reumatologista. Mais uma vez fui chamada atenção para o facto de ter de mudar de medicação pois a que tomo diariamente não está a fazer efeito. Fiz a medicação aconselhada pelo medico e dali algum tempo voltei a não menstruar. Segundo o ginecologista, devia-se a medicação que fiz que fez com que dessemos vários passos atrás. Das vezes seguintes em que tive crises tentei apenas tomar anti-inflamatórios e analgésicos para ver se não voltava andar para trás. Contudo, nem sempre conseguia menstruar e o positivo tardava em aparecer. Tomei dufine durante alguns ciclos para estimular a ovulação mas mesmo assim não conseguia que tal sempre acontecesse. O reumatologista de um lado a dizer que o melhor seria adiar o sonho de engravidar por agora, o ginecologista argumentava que era melhor tentar antes que fosse tarde. Ao fim de um ano resolvemos procurar ajuda numa clínica de infertilidade quer por sugestão do reumatologista quer do ginecologista. Fizemos vários exames que acabaram por comprovar que tenho uma baixa reserva ovárica e provavelmente quando ovulo os óvulos são de má qualidade. A juntar a isto o meu marido tem espermatozóides de má qualidade (apenas 1% de normais). Assim temos um problema de teratozospermia e de baixa reserva ovárica. Esta baixa reserva ovarica pode ser por causa da inflamação da doença, no entanto, nunca iremos se saber se não tivesse a doença também não teria este problema.
Vamos iniciar hoje as injeções para estimular os ovários e fazermos a nossa primeira FIV/ICSI dentro de poucos dias.