quinta-feira, 15 de maio de 2014

Tratamento e trabalho

Duas coisas que me preocupam... O tratamento porque é algo importante para a minha vida. O trabalho porque preciso do ordenado ao fim do mês apesar deste não ser de perto nem de longe o emprego que sonhei alguma vez ter. Mas garante-me um bom salário todos os meses e enquanto não tiver perspectivas de emprego na minha área de formação pelo menos tenho trabalho. Uma pessoa dita normal (como diz o meu marido) não estaria preocupada se tinha de meter baixa ou sequer a pensar muito no assunto. Mas eu não sou assim. Faltar ao trabalho é algo que me preocupa pois não quero que o patrão pense que sou uma desleixada, que sou como aos outros e que por tudo ou por nada falto. Mas também sei que ele não vai valorizar toda esta minha preocupação em não prejudicar a empresa. No meu local de trabalho sou apenas eu pelo que a minha ausência pressupõe que o colega que faz as substituições venha para aqui colocando-se em risco as ferias dos outros colegas. Desde que comecei aqui a trabalhar ainda não tive uma única semana de ferias pois abdiquei da que tinha por achar que era mau ter essa semana e depois pedir novamente férias como vai acontecer por causa do tratamento. Não sabia como falar com a gerência sobre o assunto sem ter de dar a conhecer toda esta situação e ao mesmo tempo não colocar em causa o meu posto de trabalho. Já sabemos como funcionam as empresas: mulheres grávidas ou com filhos nem sempre têm muita sorte pois são vistas como sendo empecilhos ora porque têm de fazer exames ora ir ao medico ora ficar de licença e maternidade ora porque têm horário reduzido no primeiro ano. Por um lado queria ser sincera e dizer aquilo que se passava mas por outro lado também sabia que corria o risco de não ter o meu contrato renovado. Optei por dizer que tinha de fazer um tratamento mas não disse ao certo para quê apesar das perguntas dos colegas de trabalho. Referi apenas a situação da minha doença e de como esta prejudica a minha saúde e alguns dos meus orgãos sendo por causa disso que vou fazer o tratamento. Não disse nenhuma mentira pois parte do meu problema deve-se, também, a esta minha questão de saúde. O facto de ter uma doença ativa e em progresso e não fazer a medicação adequada porque seria acabar com as poucas hipóteses que me restam.  Se sem imunosupressores tenho os ovários como tenho nem quero imaginar com o consumo destes. Entretanto com o cancelamento do tratamento ficou tudo adiado e claro que tenho as pessoas sempre apreensivas a perguntar quando vou fazer o tratamento pois não sabem se vão ou não ter as férias que têm marcadas. Sinto-me mal com isso mas também sei que mais do que isto não posso fazer. Se fosse uma outra pessoa não tinha dito nada e na altura colocava baixa medica e ficava em casa. Depois teria que gozar na mesmas as minhas férias. Prefiro ficar prejudicada do que prejudicar.

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